//Com base na Palestra proferida pelo Prof. Raul Teixeira, em Campo Largo-PR//
O gabinete daquela escola de ensino médio se convertera, por alguns momentos, em palco para uma cena constrangedora. Um aluno de 16 anos de idade estava ali, sentado, cabeça baixa, pensamento em desalinho, aguardando a sentença final.
Os pais, desolados, olhavam em silêncio para o filho, sem saber o que dizer diante daquele momento.
Vários de seus professores já haviam dado seus depoimentos, todos desfavoráveis ao jovem rebelde.
Se o garoto fosse expulso seria um peso a menos na sua árdua obrigação de ensinar...
Se se livrassem daquele estorvo sua tarefa ficaria mais leve, talvez pensassem alguns daqueles educadores.
O silêncio enchia a pequena sala, quando chegou o último professor para dar seu parecer sobre a questão: era o professor de física.
Homem maduro, lúcido, educador por excelência, sentou-se e, antes de dizer qualquer palavra, olhou detidamente nos olhos de cada uma daquelas criaturas ali sentadas, e sentiu-se extremamente comovido diante da situação.
Como poderia ajudar a resolver a questão sem prejuízo para o seu aluno? Afinal, para aquele nobre mestre, expulsar um aluno seria decretar a própria falência como educador.
Então, ele olhou carinhosamente para a mãe e perguntou: o que está havendo? O que aconteceu para que a situação chegasse a esse ponto?
Tamanha era a vibração de ternura que emanava da voz suave do educador, que a mãe se sentiu amparada na sua desdita e decidiu falar. Olhou com afeto para o filho, e, num tom de extremado carinho disse: meu filho! O jovem, diante da pequena frase que ecoou em seu íntimo com mais força do que mil palavras de reprimenda, desatou a chorar... Chorou e chorou, compulsivamente...
A comoção tomou conta do gabinete e as lágrimas rolaram quentes dos olhos daqueles pais sofridos, e também do professor e da diretora.
Após quase meia hora, as lágrimas foram cedendo lugar a um certo alívio, como se uma chuva de bênçãos tivesse lavado o travo de fel que pairava sobre a pequena assembléia...
Quebrando o silêncio, o garoto falou: mãe, posso lhe prometer uma coisa? Vocês nunca mais virão à escola por motivos como este.
Um ano se passou, e a promessa que o jovem fez se cumpriu. Um dia, o professor encontrou seu aluno no corredor da escola e lhe fez a pergunta que há muito desejava fazer: o que fez você mudar, aquele dia, no gabinete?
E o jovem respondeu, um tanto constrangido: É que minha mãe nunca havia me chamado de "meu filho". Aquelas duas palavras, professor, pronunciadas pela minha mãe com uma sonoridade espiritual tão profunda, foram o suficiente para eu mudar o rumo da minha vida...
O rapaz se despediu e se foi, deixando o mestre absorto em seus pensamentos... Em sua mente voltou a cena daquele dia distante, em que adentrou a pequena sala do gabinete...
Em suas conjecturas se perguntou sobre qual seria a situação daquele moço, se tivesse sido expulso da escola naquela oportunidade...
Pensou também na força da pequena frase: "Meu filho"! E ficou a imaginar quão poderoso é o afeto de mãe.
E, como homem notável e admirável educador, concluiu, em seus lúcidos raciocínios: O dia que as mães quiserem, elas mudarão o mundo.
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